Luly: transformação e o empoderamento na moda
- Gabriela Cesario
- 4 de out. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de nov. de 2018
“Precisamos estar engajados, levantar uma bandeira e lutar por aquilo que acreditamos e, principalmente, acreditar em uma transformação”, é o que pensa Luciana Vianna, fashion designer, que levanta a bandeira da sustentabilidade e da transparência na moda através da Saissu.
A marca que está no mercado há quatro anos e cinco meses, tem seus produtos desenvolvidos a partir dos croquis que Luciana elabora de malas e acessórios. A matéria prima da Saissu são materiais reciclados, entre eles a borracha, algodão reciclado, banner, mangueira, etc.
Luly, como é conhecida no meio fashion e por pessoas próximas, é uma pessoa que tem fé, que acredita na mudança, na transparência e no empoderamento financeiro da mulher.
Desenvolvendo um trabalho de parcerias com ONGs e artesãs do interior do norte e nordeste, ela participa de todo processo de criação da marca: “Tenho o maior cuidado em saber quem faz as nossas peças, de saber qual é a matéria prima para que ela tenha um impacto positivo na sociedade e em nossa cadeia produtiva”, visando incentivar e aumentar a renda financeira de todos, e principalmente das mulheres, que trabalham com a Saissu.
As peças são reflexo de Luly, que gosta “de peças simples, com qualidade. Peças atemporais, que hoje são bonitas e continuam bonitas amanhã.” O design simplificado e versátil dos produtos desenhados para a Saissu nascem após algumas pesquisas, geralmente feitas durantes viagens.
A viagem que deu o pontapé da marca e despertou Luly para a sustentabilidade e consumo consciente aconteceu anos atrás no interior do Piauí.
Durante a imersão na cultura piauiense, Luly esteve pelo Mercado Central de Teresina, onde se deparou pela primeira vez com tiras pretas esticadas no chão, “foi algo que me chamou a atenção. Tirei uma foto e questionei o que era, me falaram que eram câmaras de pneu”.
A descoberta permeou o pensamento da designer durante a viagem de campo (nas comunidades e vilas de artesãos) e em seu retorno para casa. “Ao voltar para São Paulo e estudar o material (que consegui na viagem), visualizei um homem segurando uma mala preta feita com câmara do pneu. E falei ‘é isso! Vou mostrar que reciclar pode ser uma coisa bonita, chique, usual. Que é algo para todos os gostos, não apenas para o vegano, para o ativista, mas para todos...para o surfista, o empresário, etc’”.
A iniciativa de criar uma marca que trabalha com produtos feitos de materiais reutilizáveis já rendeu a paulistana alguns prêmios, entre eles o primeiro lugar do Prêmio Objeto Brasileiro, na categoria Autoral, do Museu A Casa de São Paulo, em 2014, e uma homenagem em 2015 durante o Prêmio Ecoera como Jovem Empreendedora da Moda. Algo que Luciana nunca pensou que fosse acontecer: “Eu não tinha noção (que causaria tanto impacto e alcançaria tantas conquistas). Foi uma coisa que aconteceu. Até hoje meu trabalho é feito com aquilo que me move, eu faço o que amo, e ter a oportunidade de ter esse reconhecimento é uma coisa que não esperava”.
A moda hoje em dia é sobre impactos, algo que para Luly é espontâneo, pois “quando a gente trabalha com o que gosta, fazemos tudo de uma forma tão natural que não imaginamos o tamanho de nosso impacto. A minha alegria em se tornar um exemplo positivo é sem palavras”.
Luciana enxerga também a moda atual como um agente de transformação de atitudes, “eu acho que a moda hoje está ditando não só o que devemos usar, mas a forma como devemos usar. Essa atitude de rever nossos conceitos e questionar o que estamos usando”, afirma a designer que nessa nova era da moda pretende continuar trabalhando de uma maneira transparente, “cada vez com mais maturidade, mais organização, sendo 100% verdadeira com o mercado”.
Fotos Acervo Pessoal Luly Vianna
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